“Paraíso FM
A rádio que toca no seu coração
A estação do Amor”
A estação do Amor”
Assim começa, diariamente, na rádio comunitária
Paraíso, mais um Presente Sonoro, sob o comando de Ladinelson Araújo da Silva. É
quando o locutor vive o seu papel mais emocionante, mais divertido, e que não
lhe traz nenhum resultado financeiro, mas rende muita alegria, muita diversão e
uma satisfação que não tem preço.
Logo mais à noite, ele assume o outro papel, que lhe
dá renda e complementa a aposentadoria como servidor público. A partir das 19h,
Ladinelson se transforma em Wanderlei, o vigilante que palmilha as ruas do
bairro Morada do Ouro à bordo de uma bicicleta, fazendo-se avisar de sua
passagem pelo som do apito que atravessa os muros das casas madrugada adentro.
O nome Wanderlei ele herdou de uma dupla sertaneja da
adolescência, Wanderlei e Waldevan, em que junto com seu parceiro animava
bailes, festas de aniversário e de casamento, pelo interior de Mato Grosso, sob
a inspiração de Pedro Bento e Zé da Estrada, Tião Carreiro e Pardinho, Lio e
Leo, entre outros.
Ladinelson e Wanderlei são dois personagens que se
fundem num só e que são representados por um baiano, quase mato-grossense, que,
aos 70 anos, sorve a vida com gosto, saboreando cada gole. “Os amigos que
regulam em idade comigo ou morreram ou estão cansados, encostados, cultivando
barriga”, diz, ressaltando que estar ativo ajuda a manter o físico e a mente
bem arejados e saudáveis.
A história de Ladinelson em Mato Grosso começou no
dia 19 de setembro de 1950, quando, aos seis anos de idade, aportou na Praça do
Rosário, em Cuiabá, junto com mais umas 300 pessoas, após uma viagem a pé que
durou 180 dias. O grupo saiu de Mundo Novo, na Bahia, atraído pelo garimpo e
pela fartura de terra, disposto a conquistar melhores condições de vida.
Enquanto algumas famílias se fixaram em Poxoréu,
Guirantinga, Alto Paraguai e Diamantino, Ladinelson ficou em Cuiabá, junto com
os avós, e chegou a estudar no Liceu Cuiabano. Com a morte deles, foi morar em
Rondonópolis, onde foi trabalhar na rádio atualmente conhecida como Rádio Clube.
A curta carreira como locutor enveredou para a formação da dupla Wanderlei e
Waldevan, que esteve perto de gravar um disco e, quem sabe, experimentar um
bocadinho de sucesso ou mesmo estourar nas paradas quando Ladinelson era pouco
mais do que um garoto. O sonho não chegou a se realizar, embora apoiadores de
peso como o locutor da Rádio Nacional e produtor da RCA Victor, Zé Russo, e a
dupla Praião e Prainha. Tentativa fracassada, Ladinelson fechou a garganta e
nunca mais cantou. Mas não desistiu do rádio.
Aos 18 anos foi convocado para o serviço militar e
permaneceu no exército ao longo de quatro anos. Então, ingressou no serviço
público e virou funcionário do Dermat. Entre as atividades, uma que ele abraçou
com paixão: rádioamadorismo, uma forma de comunicação utilizando as ondas
curtas do rádio que já foi muito além do hobby mantido hoje por milhares de
pessoas ao redor do mundo. Como radioamador, teve a oportunidade de, em meio ao
precário sistema de telefonia da época, auxiliar em situações de desastres e
calamidades públicas, localizar pessoas ou mesmo contribuir para a aproximação
de parentes distantes.
O retorno ao rádio só foi possível com a
aposentadoria e se concretizou quando recebeu a concessão de uma rádio
comunitária, a Rádio Paraíso, que funciona no bairro do mesmo nome, na região
do CPA, em Cuiabá. É através dela que Ladinelson expressa sua alegria, seu
costumeiro bom humor, saudando a vida enquanto toca as canções preferidas dos
ouvintes.
Para ele, o rádio é o maior, melhor e mais ágil
veículo de comunicação do mundo. “A TV tem aquele jogo de empurra, grava hoje
para exibir semana que vem...”, opina o locutor, que conta com o apoio cultural
de várias empresas situadas na região que contribuem para custear despesas
fixas como aluguel, energia e telefone. De retorno, essas empresas tem seu nome
levado pelas ondas do rádio, em versinhos como este:
“Paraíso da Construção
Aonde os seus problemas se transformam
em solução.
Do básico ao acabamento
Do telhado até ao chão
Tem tudo para sua construção”.
Que Ladinelson recita de pronto, sem fazer uso de
qualquer recurso, a não ser sua memória. Até porque, de anotação na mesa da
cabine, só tem os nomes dos ouvintes listados nas folhas de um caderninho, que
ligam para concorrer aos sorteios de prêmios e que ele exibe com orgulho como
medidor de sua audiência.
É meu pai, me orgulho do senhor, um Homem Integro e de Caráter uico, que papai do céu continue a lhe abençoar sempre, e que ele possa abençoar ainda mas a nossa família, te amo meu pai...
ResponderExcluirParabéns pela matéria Loreci, sucesso a você hoje e sempr...